Quinta, 16 de Outubro de 2025
27°

Tempo limpo

Palmas, TO

Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados

Entidades da sociedade civil pedem arquivamento de projeto sobre contraterrorismo

Debatedores também defendem derrubada de veto em lei que define crimes contra o Estado Democrático de Direito

03/09/2021 às 22h55
Por: Confiança Notícias Fonte: Agência Câmara de Notícias
Compartilhe:
Ana Maria Moraes: projeto criminaliza manifestações por justiça social - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)
Ana Maria Moraes: projeto criminaliza manifestações por justiça social - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

Entidades da sociedade civil pediram em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados a retirada de tramitação do Projeto de Lei 1595/19, que trata de ações contraterroristas. Segundo eles, o projeto, que é analisado por uma comissão especial, coloca em risco as manifestações de movimentos sociais.

A representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Ana Maria Moraes, disse que o projeto tem que ser arquivado porque pode criminalizar as manifestações por justiça social. Ela defendeu a aprovação de outro projeto (PL 1513/19) que busca garantir que este tipo de ação ocorra sem violência contra os manifestantes.

O autor do texto sobre ações contraterroristas, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), tem afirmado que a ideia é prevenir mortes em ações violentas e preservar o patrimônio. Segundo ele, a proposta tem semelhança com outras existentes no mundo.

Veto do governo
Os palestrantes da audiência também pediram a derrubada de veto do presidente Jair Bolsonaro a artigo da nova lei que define crimes contra o Estado Democrático de Direito (Lei 14.197/21). O artigo em questão buscava justamente coibir o uso de violência contra manifestantes. E criticaram grupos que, segundo eles, pretendem atacar as instituições do País em manifestações previstas para o dia 7 de setembro.

Deputado Carlos Veras, presidente da Comissão de Direitos Humanos
Deputado Carlos Veras, presidente da Comissão de Direitos Humanos - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

O presidente da comissão, deputado Carlos Veras (PT-PE), disse que esses manifestantes agem contra si mesmos. “É bom lembrar também para aqueles que vão às ruas pedir intervenção militar que eles estão cometendo um ato contra o próprio ato deles de irem às ruas para se manifestarem. Porque, com intervenção militar, com ditadura, não tem manifestação, não tem direito de organização”, disse.

A coordenadora do Programa de Espaço Cívico da ONG Artigo 19, Raísa Cetra, disse que as pessoas têm medo de se manifestarem por direitos no Brasil. “O que vemos hoje é um cenário de autocensura. Não só de perseguição, de criminalização concreta dos movimentos sociais no Brasil, mas um cenário onde as pessoas pensam 4, 5 vezes antes de ir para rua, e mais 4 vezes antes de escrever no Twitter. E isso é inadmissível num contexto democrático”, disse.

Iara Moura defendeu câmeras nos uniformes dos PMs
Iara Moura defendeu câmeras nos uniformes dos PMs - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

Câmeras nos uniformes
Alguns palestrantes defenderam ações mais efetivas contra a violência policial e lembraram os cidadãos agredidos em maio deste ano em ato contra o governo federal em Pernambuco. A representante do Intervozes, Iara Moura, disse que, em junho, os batalhões da Polícia Militar de São Paulo que passaram a usar câmeras nos uniformes não registraram nenhuma morte nas operações realizadas.

A audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara discutiu as recomendações recebidas pelo Brasil no âmbito da Revisão Periódica Universal da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 2019, há uma parceria entre a Câmara e a ONU para monitoramento dessas recomendações.

O deputado Carlos Veras disse que foi convidado um representante do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para a audiência, mas a pasta alegou que o tema não fazia parte das suas atribuições. Já o Ministério da Justiça alegou problemas de agenda.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Ele1 - Criar site de notícias